Resumo
Introdução: A depressão resistente ou refratária ao tratamento (TRD) é uma das condições mais desafiadoras da medicina no campo da psiquiatria. Ela é conceituada como a não resposta ou melhora clínica em casos com uso de uma ou duas classes de antidepressivos, por um período maior que um mês. A etiologia ainda não foi totalmente esclarecida e pode estar associada a uma multiplicidade de fatores. Objetivo: Mapear e compreender a eficácia e segurança da estimulação cerebral profunda (DBS) como uma opção terapêutica para a depressão refratária. Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura guiada pela estratégia PRISMA 2020 (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), com buscas realizadas nas bases de dados Medline/Pubmed, Portal BVS e Cochrane Library. Os descritores combinados com os operadores booleanos “AND” e “OR” foram: “deep brain stimulation”, “treatment-resistant depression”, “efficacy” e “safety”. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, publicados nos idiomas inglês, português ou espanhol e que responderam à questão de pesquisa. Os resultados analisados incluíram taxas de resposta, remissão e principais eventos adversos (EAs), com foco na ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídio consumado. Houve registro do protocolo no PROSPERO (CRD42024516453). Resultados: Foram incluídos 14 artigos, com uma média de 18,73 ± 21,8 pacientes, totalizando uma amostra de 231 pacientes. Foram analisados 4 alvos anatômicos e parâmetros variáveis para DBS. A eficácia foi indicada pelas taxas de resposta (variando de 20% a 100%) e pelas taxas de remissão (variando de 20% a 80%) que, embora sejam contrastantes, indicam o avanço entre os diversos parâmetros utilizados. Além disso, os EAs também variaram, tendo como principais eventos, a ideação suicida, a tentativa de suicidio e a consumação do suicídio. Os demais EAs foram geralmente leves e passíveis de controle. No entanto, as taxas de ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídio não devem ser ignoradas. Conclusão: Os indicadores demonstram que a estimulação cerebral profunda constitui um tratamento promissor para a TRD, a depender dos alvos e parâmetros anatômicos explorados, muito embora os EAs não devam ser negligenciados. Desta forma, estudos posteriores deverão determinar alvos terapêuticos mais adequados e o melhor perfil de paciente a ser beneficiado pela terapia e, com isso, elevar as taxas de eficácia e segurança, bem como reduzir os EAs.